Compromisso

Escrever é a nossa maneira de estar convosco, enviando missivas para vencer a distância que se interpõe entre os dois planos onde habitamos provisoriamente. Irmão, estou contigo. Irmãos, estamos convosco. Irmãos, Jesus esteja conosco nesse gesto de amor e fé.

sábado, 15 de setembro de 2012

Crer, ser e agir


As utopias prevalecerão?
Qual a validade de ideais políticos claramente inaplicáveis em curto e médio prazo?
Dedicar a vida a um ideal político que não se enquadre nos padrões vigentes seria perda de tempo?

O sonho de uma sociedade livre e justa para todos é farol que tem levado a humanidade adiante ao longo dos séculos. O fato de não ser atingível não torna o sonho menos belo. “Meu Reino não é deste mundo”, disse Jesus. E nem por isso deixou de propagar seu Reino e os caminhos que levam a ele.
Lutar por um ideal e fracassar aos olhos do mundo, não faz o homem fracassado. Esse foi o caso de muitos homens e mulheres que a humanidade reverencia como heróis, inclusive o próprio mestre Jesus.
Conformar-se com a realidade vigente, aceitando como naturais as injustiças sociais e nada fazendo para evitar a continuidade de um sistema baseado em privilégios - é negar a lei da evolução - seja por comodismo, interesse ou ideologia.
Uma pessoa dotada de ideais generosos, que acredita na evolução humana e social, será sempre construtora de uma sociedade mais justa - em qualquer atividade que desenvolva – se mantiver coerência entre seus atos e crenças.
Trair-se, negar o sonho relegando ideais a segundo plano, entregar-se ao pragmatismo egoístico da caça predatória em busca de metas pessoais imediatas, sepultar o próprio idealismo debaixo do pragmatismo individualista, eis as amarras que ainda nos prendem ao que fomos e retarda a evolução pessoal e social.
Mas a construção do novo pede novos instrumentos. Contrapor-se à ordem vigente adotando os mesmos métodos e táticas, tentando transformar pelo uso dos mesmos instrumentos – buscar uma sociedade diferente sem ser diferente – também não terá outro resultado senão a manutenção do status quo.
Crer, ser e agir em uníssono.
Ser sua própria utopia.
Realizar no plano individual e projetar no coletivo.
Praticar ações novas e descobrir seu efeito transformador.
Semear, mesmo sabendo que os frutos somente serão colhidos pelas gerações futuras.
Eis como vale a pena viver.
Irmão Jardim

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O egoísmo e o amor


− Como resolver o problema social?

A humanidade avança premida por dois vetores – egoísmo e amor. Cada um desses vetores é poderoso o bastante para induzir os homens a esforços realizadores.

Egoísmo produz a edificação de patrimônios pessoais à custa do sacrifício alheio, enquanto amor produz a edificação de patrimônios coletivos à custa de sacrifício pessoal.

Egoísmo é querer para si, amor é querer para outrem.

Engana-se quem pensa que a solução do problema social se dará apenas por meio de grandes mobilizações coletivas, colocando em ação vultuosos recursos. Ações transformadoras ocorrem, com igual eficiência, por meio de grandes projetos ou de pequenos gestos e ações individuais.

A sociedade é a coleção dos indivíduos, por isso que a solução do problema social passa pelo tratamento dos problemas individuais.

Empreender grandes ou pequenas obras, portanto, não fará a diferença no plano social.

O que de fato qualifica uma sociedade, produzindo melhoras significativas na condição de vida e existência dos cidadãos, é a qualidade dos atos, ditada pela maior quantidade de amor investida por cada pessoa no direcionamento de sua capacidade empreendedora, pois esse é o vetor que faz o esforço pessoal se converter em benefício social.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O bem se multiplica no ato de consumir

Tanta ajuda recebemos de nossos amigos da espiritualidade!... Como agradecer-lhes por tamanha dedicação? Como retribuir-lhes o apoio, a proteção e a orientação? Se eles não dependem de nós, que podemos lhes oferecer?

O bem se gratifica na multiplicação do próprio bem. Quando os amigos agem, move-os apenas a intenção de auxiliar e a gratificação esperada é o prazer de saber que estão bem as criaturas auxiliadas.
Trabalhadores do Cristo, os mentores que te amparam esperam que, por tua vez, ampares os mais trôpegos, que te partilham a estrada. Assim como o dinheiro, o bem é moeda que recebes e passas adiante. É riqueza que só tem utilidade quando gasta e que se multiplica no ato de consumir.
Quantos servem a ti, trabalham para o Pai Eterno. Quem lhes retribui pelo bem que praticaram em teu favor é nosso Pai. Quando um filho vai ao médico, é natural que o pai pague a consulta. Também nós, quando estamos doentes e desprovidos dos meios para retribuir, o Pai Eterno se responsabiliza pela remuneração dos trabalhadores que nos servem.
É para o Pai que eles trabalham e, portanto, junto a ele se fazem credores. Quanto ao filho, o que o Pai espera dele é que, um dia – o mais breve possível – esteja em condições de também trabalhar, servindo aos outros e fazendo desse trabalho o seu meio de sustento. Sabendo, por sua vez, que serve aos filhos e recebe do Pai.
Não existe, portanto, bem que fique sem retribuição e a ingratidão só provoca frustração naqueles que não sabem quem é o responsável pelo pagamento.
Assim como o pagamento dos serviços de um profissional às vezes ocorre à vista, às vezes a prazo e às vezes se paga adiantado, também o Pai utiliza mecanismos nem sempre diretos para nos recompensar pelo bem que praticamos. O que podes ter certeza, porém, é que esse Cliente é um bom pagador e que tua paga virá – imediatamente, dentro de algum tempo – ou que já a recebeste antes mesmo de fazeres teu trabalho.
Se te parece chocante ver assim traduzida em dinheiro a moeda do bem, lembra-te que nosso Mestre Jesus já usou dessa analogia em seus ensinos – toma o Evangelho e lê a “parábola dos talentos”, a história da “dracma perdida” e afirmações como aquela em que diz: “acumulai tesouros que a traça não consome”. O bem é riqueza que se acumula e que se pode desfrutar.
Se teu desejo é ser feliz, pratica o bem - fazendo os outros felizes - e nesse trabalho adquire o patrimônio espiritual que te dará acesso à felicidade. A contabilidade do Senhor da Vinha é generosa com seus assalariados, até mesmo com os trabalhadores da última hora.

Irmão Jardim.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Mudando mudamos o mundo

Às vezes o mundo parece andar para trás, a civilização entra em um ciclo de desorganização e o progresso econômico, o poderio militar e a ganância internacional parecem sobrepor-se aos ideais de justiça e inclusão social.
Por que isso acontece? Será exata a impressão de que vivemos ciclos periódicos de contra-evolução?

O mundo não é uma estrutura simples, movida por um único motor.
Equação complexa, de múltiplas variáveis, segue a humanidade por caminhos tortuosos em sua busca de um mundo mais feliz. O resultado coletivo, num dado intervalo de tempo, é igual ao somatório dos resultados alcançados por todas as variáveis individuais nesse mesmo intervalo, tal é o enunciado da equação do progresso.
O saldo matemático dessas marchas e demarchas, expresso na equação, representa o avanço coletivo nesta ou naquela direção. Traduzindo em termos simples sem trair o conceito matemático, avança a humanidade cada vez que em seu bojo um indivíduo se torna alguém melhor, pois o avanço é igual à soma dos processos individuais.
A humanidade alcança mais consciência quando aumenta o nível médio de consciência individual entre seus integrantes. A exclusão econômica, cultural e social diminui cada vez que alguém ajuda alguém a se inserir no contexto da cultura, da economia e se integrar na sociedade.
Fazer a revolução social é, pois, revolucionar o homem. Somente quando consciências individuais são tocadas, toca-se o inconsciente coletivo. Mudar a sociedade é, portanto, essencialmente - obra de educação - pois só no plano individual se pode interferir no coletivo de maneira permanente. Tentativas de influência coletiva e transformação social forçada, com base na imposição de mudanças não assimiladas, são ineficazes e acabam gerando distorções – que por vezes parecem retrocessos.
Promove a revolução em ti mesmo, mudando a tua percepção da realidade social. Transmite esta nova forma de perceber o mundo às pessoas que te cercam e tua contribuição pessoal para a causa coletiva será realidade. Transforma em ações práticas teus ideais, realizando no plano econômico ou social um gesto de inclusão, convencendo outras pessoas de que isso é possível e não depende da máquina do Estado. Faze isso e sentirás ter dado importante contribuição para a evolução do coletivo.
A civilização é obra coletiva, reflete em suas imperfeições a soma de todas as imperfeições individuais, da mesma forma que também exprime, em seus aspectos mais positivos e idealistas, a soma de toda abnegação e idealismo individual. Toda contribuição criativa, toda idéia nova tornada ação, toda doação amorosa, todo encontro e entendimento interpessoal, se materializa em uma sociedade mais feliz.
Sabemos que ninguém regride, que toda aquisição espiritual é permanente. Sabendo também que o todo é a soma das partes, temos a certeza matemática de que a humanidade evolui sempre. Certa impaciência é natural, um pouco de medo indica que ainda falta fé – porque se exige dos outros o que não se pratica. Mas se achas muito lento o progresso coletivo, analisa como avanças no processo individual. Sente como é difícil mudar velhos hábitos, velhas crenças - quanto te custa reeducar-te – e entenderás que iguais ou maiores dificuldades encontram teus irmãos em humanidade para se tornarem pessoas melhores.
Se estás insatisfeito com o processo coletivo, faz uma análise pessoal - vê se também o teu processo individual não é ainda um obstáculo que retarda o mundo – e faz a revolução em ti e ao teu redor, antes de exigi-la, aos gritos, pelas praças.

Irmão Jardim

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O dia mais importante


-          Qual o significado de um novo ano que se inicia?
-          Um novo século, um novo milênio, são diferentes de um novo mês, uma nova semana?

O sol que se levanta na primeira manhã do milênio é o mesmo que nasce num dia qualquer e a manhã inaugural de um novo século é portadora das mesmas chaves do destino proporcionadas por uma manhãzinha vulgar de um dia comum, de um ano daqueles que quase se esquece de constar do calendário.
Diariamente recebemos um dia em branco. E nesse dia – qualquer dia desses – poderemos nascer de novo, para vivermos uma nova vida, tornados em nosso vir a ser.
Mas para viver de novo é preciso ter morrido antes, pois só assim se pode renascer. Caso contrário, continuaremos a viver a mesma vida, sendo os mesmos seres do passado, a plantar joio nos campos do futuro.
O dia mais importante, portanto, é aquele em que somos capazes de deixar morrer uma parte de nós mesmos, para renascermos transformados. Nesse dia, libertos do passado, plantados no presente, geramos o futuro.