Compromisso

Escrever é a nossa maneira de estar convosco, enviando missivas para vencer a distância que se interpõe entre os dois planos onde habitamos provisoriamente. Irmão, estou contigo. Irmãos, estamos convosco. Irmãos, Jesus esteja conosco nesse gesto de amor e fé.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Prece de Natal

Senhor Jesus, que se fez menino por muito nos amar, que se submeteu às asperezas da existência biológica neste planeta lindo, mas ainda tão maltratado por esta humanidade sofredora, que vem a nós com a ingênua fragilidade da criança indefesa, tende piedade de nós.
Nós que te fustigamos quando deixamos de atender a um irmão necessitado, que te apedrejamos e crucificamos com nossos atos de autocomiseração, dando vazão aos nossos impulsos autodestrutivos. Tende piedade de nós, que tardamos pelos caminhos recusando-nos a aprender, que perdemos a esperança nos desvãos da loucura consumista.
Meu Bom Jesus, concedei-nos a graça de ser ainda uma vez crianças como tu: paciente entre os doutores, alegre ante os que sofrem de tristeza, afável entre os que se acotovelam conosco na disputa por um lugar de destaque entre a multidão.
Jesus amado, que aquele coral de vozes angélicas que ainda soa na manjedoura de Belém venha afagar nossos ouvidos e confortar-nos em Espírito e Verdade, para que possamos transitar neste mundo com a doçura de um sorriso de criança e o pulso firme do carpinteiro laborioso, para sustentarmos nossos irmãos em humanidade.
 Feliz Natal, Jesus, Mestre querido, é o nosso desejo, sabendo que tua felicidade inclui a nossa e que, para sermos felizes, haveremos de buscar forças e meios para espargir gotículas de felicidade è nossa volta.
Feliz Natal, Jesus! Seja bem vindo novamente entre os homens e as mulheres de Boa Vontade.
São Paulo (GESTo), Natal de 2011.
 Irmão Jardim

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Bagagens inúteis

− Que fazer quando meu coração magoado não consegue assimilar sentimentos elevados?

Mágoas, apreensão, insatisfação, caracterizam-se como pesos inúteis que insistes em carregar, apesar de sua inutilidade em viagem.

Tal como quem dispensa supérfluos para abrir espaço na bagagem, abre tua alma ao que realmente interessa, livrando-te dessas emoções destrutivas que te retardam a marcha.

Irmão Jardim

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Somos diferentes porque evoluímos

– Por que somos tão diferentes? Não seria mais fácil conviver se todos pensássemos parecido e tivéssemos as mesmas tendências?
A individualidade é fruto da evolução. Se observarmos os rebanhos, bandos, colônias e cardumes das variadas espécies do reino animal, veremos que, nas espécies mais primitivas, os indivíduos são quase idênticos e pouco diferem em seus modos e comportamentos. Nas espécies mais desenvolvidas, tais como os cães, felinos e equinos, já se percebem nítidas diferenças de humores, hábitos e preferências. Entre os humanos essas distinções se acentuam, posto que enriquecidas de conteúdos sócio-culturais e psicológico.
Pretender uma sociedade sem diferenças, portanto, seria equivalente a preconizar a volta aos ambientes primitivos das colônias de insetos, ou grandes rebanhos de bisões, ou cardumes de sardinhas. Tornar-se diferenciado, ter algo em si que o distingue e individualiza, é uma conquista do Ser em sua jornada evolutiva.
As diferenças, por sua vez, geram conflitos e divergências. Mas não é preferível viver numa sociedade com espaço para divergências, do que submeter-se a um regime totalitário, em que uma opinião dominante seja imposta a todos? Esses conflitos de opinião representam um desafio para a humanidade. Aprender a lidar com as diferenças e conviver com os diferentes, esse é o grande aprendizado que bate às portas da civilização.
Mas esse aprendizado, assim como a lenta individuação, é processo pessoal, a ser desenvolvido na intimidade do Ser. Aceitar que o outro seja diferente e reconhecer nele um igual, acima e além das diferenças, é processo de lenta maturação individual. Quando aprendermos essa lição, estaremos aptos a perceber e desfrutar a imensa riqueza da diversidade.

Irmão Jardim

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Prepara-te para a viagem


−Venho lutando com muita dificuldade contra a nostalgia, a depressão e a tendência a não fazer nada, desperdiçando as oportunidades de trabalho e realização que cada novo dia me traz. O que posso fazer para vencer essa tendência, que tanto me prejudica?

Para conduzir teu corpo a algum lugar existem inúmeros meios de transporte, que podes acionar ou contratar conforme teus haveres.Conduzir-te o espírito é tarefa depende de outros meios. A viagem do espírito não se realiza no espaço, levá-lo adiante não é o mesmo que transportar matéria de um lugar a outro.

Ao viajar de uma localidade para outra, três coisas priorizas: tempo de viagem, conforto e segurança. Cada uma destas variáveis tem seu preço e o binômio entre disponibilidade e necessidade determina tua escolha.

Antes de sair em viagem, fazes sempre algum planejamento. Saber aonde ir é necessário, fazer as malas com as roupas adequadas é aconselhável, estabelecer contatos no local de destino será útil, deixar tudo resolvido para trás te permitirá desfrutar mais tranquilo da viagem.

Embora se realize em outro plano e outra dimensão – a viagem do espírito não se mede por distâncias espaciais, mas por diferenças vibratórias – a jornada espiritual que pretendes fazer de um a outro estado vibratório, guarda certa analogia com as viagens do teu corpo.

Também ao espírito é necessário saber “aonde ir”, ou seja, qual a condição espiritual – o estado de vibração pessoal que queres alcançar – pois, para ir a algum lugar, precisamos saber bem aonde queremos chegar – ou, no caso, quem nos queremos tornar.

Também a bagagem do espírito deve ser ajeitada com cuidado, escolhe agora – classificando criteriosamente – e trata de adquirir o que já sabes que terá utilidade mais adiante. Preparar a bagagem é também descartar o que não terá utilidade.

A Internet, o telefone, o correio, os recados, são recursos de que te vales para estabelecer contatos à distância. Também o espírito tem seus meios de comunicação remota, que te permitem superar as distâncias vibratórias. A concentração, a meditação, a prece, a vontade de servir, são alguns deles – através dos quais por algum tempo te colocas em contato com quem te antecedeu.

Deixar tudo em ordem é, também para o espírito em sua viagem ascensional, garantia de tranquilidade ao avançar. Resolve tuas pendências, acerta tuas contas, termina tuas tarefas, assume teus compromissos, equilibra teus afetos. Só assim seguirás adiante sem guardar amarras vibratórias em tua presente condição.

Agora, sim, feita a necessária preparação, estás pronto para dar início à viagem, que deve – também o espírito – priorizar velocidade, conforto e segurança, sempre conforme os créditos que te habilitam. Créditos que amealhas através do trabalho, do estudo e da dedicação aos outros.

Mais rápido avançarás, quanto mais crédito tiveres junto aos teus companheiros de jornada. Mais estarás confortável, quanto mais desejares chegar adiante e menos te apegares ao que deves deixar para trás. E mais segurança terás em teu avançar, livrando-te de acidentais retrocessos, se te concentrares naquilo que te leva adiante e te liberares de encargos que te fixam ao que és, mas já queres deixar de ser.

Mantendo-te em movimento na direção desejada, realizarás teu desejo e alcançarás teu destino. A imobilidade te aferra ao passado. Sem esforço não sairás do lugar, mas só te esforçarás quando, de fato, desejares ir adiante.

Irmão Jardim

terça-feira, 16 de agosto de 2011

As flores, por seus frutos

Caminhando sobre o solo do planeta,

Entre as penas e gozos consentidos,
Somos flores que sonham em ser frutos.
Somos vagens em plantas convertidos.

Já não somos o que fomos, o que seremos ainda não somos, mas trazemos em nós o que já fomos e o germe do nosso vir a ser. Carregamos em nós nosso destino, indissociável parte de nós mesmos, feito atores que fazem de si próprios o instrumento de sua obra inacabada.

Quando a flor se abre inconsequente, há uma hipótese de fruto nesse gesto. E sendo tal flor daquela espécie, o seu destino em fruto é definido. Já não se lembra a flor de que algum dia foi semente sonhando ser árvore e não vislumbra, em suas cores perfumadas, mais além do que o fruto em que vai se transformar.

Também o homem traz lembranças bem marcadas de experiências mais recentes, ignorando seu passado mais remoto. E vislumbra - da escala evolutiva - pouco à frente de onde está, sem ter idéia do porvir ilimitado.

O que podemos deduzir, com base nas etapas anteriores, é que existe uma sequência natural predefinida – como a flor, que é natural tornar-se fruto. E que seremos, cada vez, seres melhores – como já somos melhores do que fomos.

Tudo segue um plano mais extenso do que a mente é capaz de apreender. Estamos juntos nesta barca planetária, cumprindo etapa da jornada coletiva – sem atinar para onde ela nos leva – mas já capazes de saber que a um destino mais feliz.

Também, feito a flor – que se doa em cores e perfume e pretende quando fruto entregar-se inteiramente – se hoje ofertamos uma parte de nós mesmos à construção do bem comum, quando melhores formos, mais teremos de nós mesmos a ofertar.

E se flor e fruto são brotações da mesma planta, brotamos juntos de um tronco planetário, solar, galáctico, flores pendentes de um ramo da árvore da ciência do bem e do mal.

E se a planta do pomar é cultivada e preservada – em suas flores por seus frutos – também por nós alguém cultiva a planta-mãe e nos preserva. Pelos frutos, ou simplesmente porque ama as flores que nós somos.

Irmão Jardim